domingo, 24 de fevereiro de 2008

A Safra de 2007 Foi Fraca

Deixando de lado o saudosismo, quero comentar rapidamente os cinco indicados desse ano.

Depois de conseguir ver todos apenas ontem à tarde, a conclusão que chego é que a safra de 2007 foi fraca.

Nenhum dos 5 indicados é execpional, daqueles que a gente sai do cinema e sabe que o que acabou de ver veio pra ficar.

Dos concorrentes, prefiro Onde os Fracos Não Têm Vez. Nunca fui fã dos irmãos Coen, por isso estou à vontade pra falar. Acho o melhor filme da dupla, incluindo Fargo. Reclamaram um pouco do final - ele é realmente um pouco abrupto demais - mas à medida que reflito sobre o filme, melhor ele fica. Um estudo sobre a violência que impera não apenas os EUA, mas a sociedade atual. O Josh Brolin interpretado o ordinary man, o Barden, o mal em pessoa, quase um anti-cristo, e o Tommy Lee Jones, como o Estado, a autoridade, incapaz de compreender a violência e a crueldade das pessoas. Comecei a ler o livro do Comarc McCarthy, e passei a gostar ainda mais do filme.

Sangue Negro me decepcionou muito. Não compreendo aquela maldade do personagem do DD Lewis, a falta de crença no mundo. O roteiro, acho que conscientemente, sonega qualquer informação do passado do Daniel Plainview. Não consegui me conectar a ele. Mesmo com aquela ambição desmedida, o uso oportunista do filho, eu queria me interessar por ele, torcer por ele. Não consegui. Comparado com Boogie Nights e Magnólia, Sangue Negro perde de longe. Nem mesmo o DD Lewis me impressionou tanto assim. No limite do caricato. O Paul Dano, que faz o pastor, me pareceu muito mais honesto, low-profile. Merecia ser indicado.

Desejo e Reparação sofre de um mal de origem. O livro no qual é baseado é simplesmente fenomenal. Um dos melhores que li recentemente e um dos poucos que me fez chorar. Ian McEwan é o cara!! Não havia como transpor aquele material para o cinema sem que alguma coisa se perdesse. Tvz o filme funcione para aqueles que não tenham lido o romance. Pra mim que li, tudo soou falso, apressado, não consegui me envolver com nada. O mais fraco entre os indicados.

Juno é o filme cool do momento. Uma comédia legal mas que não era pra tudo isso. O roteiro é tão repleto de citações pops, muitas delas relacionadas ao universo americano, que as perdemos na tradução. Do filme, gostei particularmente do casal vivido pelo Jason Bateman e Jennifer Garner. O drama daqueles personagens é algo muito mais próximo a mim, do que o de Juno. Toda a vez que aquele núcleo aparece, o filme cresce.

Conduta de Risco é um bom thriller. E só. Não sei como a Academia consegui indicá-lo a 7 Oscars. Gostei do George Clooney e da Tilda Swinton. Mas Tom Wilkinson tem um papel pequeno demais. Melhor que ele estava o Paul Dano, em Sangue Negro, ou o próprio Jason Bateman, em Juno. O roteiro tem suas qualidades, gostei da construção do personagem do Michael Clayton, seu vício pela jogatina, os problemas do seu irmão, o fato de ele ser divorciado etc. Mas 7 indicações é um exagero sem tamanhos.

É isso.

Um comentário:

Anônimo disse...

Desejo e Reparação tem suas falhas mas Joe Wright mostra grande talento em muitos momentos. Juno é sem dúvida fraco. Onde os Fracos Não Tem Vez é maravilhoso. Na minha opinião faz muito tempo em que não se viam filmes tão bons entre os de melhor filme.