sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Monty Python's Flying Circus e a menina do Frankenstein

Saiu hoje a primeira temporada, e eu não me aguentei e já comprei.
(Aliás, dica pra quem tiver dinheiro sobrando ou quiser juntar pra comprar por mais barato: tá em promoção a caixa completa no Amazon, e mesmo com o imposto - caso vc tenha o azar deles pegarem seu pacote - vai sair mais barato do que comprar a coleção completa assim em separado por aqui)
Não tem jeito, ver eles em ação é como escutar Jimi Hendrix em Woodstock ou algo desse nível. Eu já perdi a conta de quantas vezes já vi os primeiros episódios (em compensação, os outros eu nunca vi até agora), e mesmo assim sempre choro de dar risada.

Agora planejo, assim que uma graninha extra entrar, comprar também as edições especiais do Vida de Brian e do Cálice Sagrado (este último bastante chupinhado de outra pérola, O Exército de Brancaleone).




E hoje revi o Frankenstein clássico da Universal. Tudo aquilo lá já faz parte da nossa cultura, não tem como escapar, então nem vou falar muito do Karloff, da maquiagem e por aí vai.
O que me choca nesse filme toda vez que revejo é a cena do Frank com a menina na beira do lago. Primeiro porque a clareza, simplicidade e objetividade da cena toda é brilhante - é exatamente aquilo que todos os filmes deveriam fazer (e que mesmo no Frankenstein não acontece em toda cena): o subjetivo surge de algo direto, de ações que não levantam questões superficiais sobre o que está acontecendo ou coisas do tipo, aquela névoa que muita gente acha que é sinal de filme inteligente. Não, assim como tudo que é mais sagrado no cinema, o que há naquela cena de brilhante é o que se estabelece entre as personagens, a relação entre tudo que aparece nela e o que aquilo suscita em quem está assistindo. Segundo porque o desfecho da cena, de uma crueza que é digna de um Samuel Fuller, com a menina sendo jogada no lago, sério, é tipo de coisa que mesmo hoje muita gente por aí não teria culhão de fazer (ou teria que mudar por imposição). E segue-se outro momento brilhante, que é o pai carregando a menina no colo no meio da festa na vila. Esse é um momento tão visionário, tão especial, que ecoa claramente até em várias coisas que um Glauber Rocha, um Pasolini iriam buscar lá pra década de 60.
(Ah, se pelo menos não houvesse aquele furaço no roteiro logo no final da sequência, com o pai anunciando o assassinato do nada...)

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