segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

"Na Natureza Selvagem"


Antes que a 'vibe' Oscar se esgote, quero deixar registrada aqui - como meu primeiro post - uma reclamação: a pouca atenção dada ao mais recente filme de Sean Penn, Na Natureza Selvagem.
Escrito e dirigido por ele, e baseado no livro de Jon Krakauer, o filme conta a viagem feita por Christopher McCandless em busca do coração selvagem da liberdade, que segundo ele e seus autores favoritos advém da natureza e da simplicidade da vida. Se vocês ainda não viram, sugiro como um bom programa.
Apesar de termos destacado uma nova postura da Academia com relação a seus próprios valores fílmicos, politicamente falando talvez as mudanças não sejam assim tão grandes. Com duas indicações, este filme parece ter muito mais a dizer que o fofíssimo Juno, e talvez exatamente por isso tenha sido convenientemente deixado de lado.
Um filme de caráter político que sai atirando críticas a tudo que sabemos sólido e inevitável nos dias de hoje: a vida em sociedade, as convenções sociais (caminhando para um último nível do desgaste e artificialidade) e o consumismo que ultrapassa a idéia incial de suprir necessidades básicas.
Àqueles que possam taxá-lo preconceituosamente de neo-hippie ou juvenil, o que posso deixar dito é que é sempre mais fácil afastar pra longe esses instrumentos que nos fazem pensar seriamente sobre nossa condição, ridicularizando ou diminuindo qualquer tentativa que se faça de tratá-los abertamente.
O mais interessante é que o personagem (coerentemente interpretado por Emile Hirsch) não é apontado como dono da verdade, e sim como alguém tão falho quanto qualquer um de nós, mas que diferentemente da maioria, sai em busca de sua própria sanidade.
Talvez a Academia tenha achado anti-pedagógico pôr em evidência uma história como essa, que pode dar margem a uma nova onda de 'imitação da ficção', assim como o primeiro filme da trilogia Matrix foi apontado como uma das molas propulsoras à ação que deu origem ao massacre de Columbine.
Enfim, a chama da boa e velha politicagem estará sempre acesa em alguns corações enquanto formos considerados animais políticos.

Nenhum comentário: