quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Primeira semana de Festival do Rio chegando ao fim e esta colaboradora que vos fala com poucos filmes vistos. A grande chateação fica por conta da demora na confirmação de filmes como Tio Boonmee, de Apichatpong e Somewhere de Sofia Coppola, dois dos mais aguardados.
Mas nem tudo é problema e o festival já garantiu um grande momento: Helena Ignez apresentando o retorno do Bandido da Luz Vermelha às telas foi de uma emoção que eu nem saberia explicar de onde veio.

Tietagem à parte, vamos aos filmes:


Luz nas Trevas - A volta do Bandido da Luz Vermelha

Envolto numa disputa judicial que teoricamente o impediria de ser exibido, Luz nas Trevas começa com um jeitão de que não vai dar certo, mas acaba ganhando ritmo. Ney Matogrosso também vai crescendo durante o filme e chega a parecer confortável no final. Alguns diálogos trazem de volta a força de Sganzerla, mas o uso de cenas retiradas do primeiro filme sobre o bandido acabam reforçando a saudade de um cinema sujo, anárquico e marginal.
Nota: 7,5


Essential Killing

O filme mais recente de Jerzy Skolimowski - diretor polonês que ganha uma mostra só sua no Festival deste ano - foi crescendo na cotação do boca-a-boca e acabou sendo bastante visto.
Minimalista nos conflitos e gradiloquente na tensão, construída a partir de poucos elementos e quase nenhum diálogo, é daqueles filmes que te mantém preso à cadeira, alimentado à base de tensão e expectativa. Roteiro e narrativa não seguem a cartilha atual usada na fabricação de filmes comerciais, principalmente quando se fala em Afeganistão, tortura e perseguição.
Nota: 8,5


Kaboom

Conhecer o cinema de Greg Araki tornou-se a experiência mais divertida do festival até aqui. Quem for ao cinema esperando sentido em Kaboom vai acabar desarmado pela atmosfera descompromissada com o qual o diretor desenvolve a história de uma dupla de amigos metidos em uma sequência surreal de acontecimentos.
Bruxaria, pisicodelia, sexualidade e filmes de suspense em universidades. Mesmo esse plot não daria conta de explicar a bagunça criada por Araki, mas vale a pena assistir, nem que seja pelos figurinos.
Nota: 7,0


Pixo

Documentário sobre o universo da pixação na capital paulista chega às telas em momento oportuno, quando mais uma vez a Bienal de Artes de São Paulo ganha interessância a partir da presença de pixadores no evento, desta vez com credencial de convidados, sem que isso diminua o tamanho do barulho que eles são capazes de promover.
Além de acompanhar os rolês de pixo usando imagens captadas pelos próprios pixadores, o documentário levanta questões importantes sobre a diferença entre pixação e grafite e os conflitos envolvendo espaços de consolidação do bom gosto estético, como universidades e museus, em contraponto à uma atividade desmerecida e marcada pela marginalização.
Bom documento sobre a história recente de um movimento que tem poucas oportunidades de fala além da efemeridade de sua ação sobre a cidade.
Nota: 8,5


Malu de Bicicleta

Destaque entre os filmes brasileiros presentes no Festival e premiado em Paulínia nas categorias de melhor ator, atriz e diretor, o novo filme de Flávio Tambellini não empolga. Apesar de destacar-se das comédias românticas produzidas ultimamente no país, o filme não traz novidades pro gênero e é bastante econômico em fazer rir.
Apesar do elenco carismático, o roteiro não ajuda a produzir a empatia necessária e nem segura o suspense no qual Luiz (Marcelo Serrado) se vê aprisionado depois de se apaixonar por Malu (Fernanda de Freitas).
Nota: 6,0

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