quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Preliminares do Festival do Rio - Dia 4

Dia cansativo de alegria nos bastidores do Festival do Rio. Depois de muito atraso, enfim saiu a revista impressa que contém as sinopses e a programação. Muitos cinéfilos esperavam por isso pra fazer sua agenda pras próximas duas semanas (eu incluído). Agora tem que ter paciência e um grande poder de organização pra encaixar todos os filmes (ou a maioria) e torcer pra não deixar passar nada fundamental sem ser visto (coisa impossível). Com minha ampla experiência de anos anteriores, sei que só funciono com uma agenda e muitos post its. A agenda do Mac e do Iphone certamente são um a mais nessa hora. Agora vamos aos filmes de ontem:

10- Comer Rezar Amar (Eat, Pray, Love, 2010, Estados Unidos)

Eu sei, esse não é um típico filme de Festival, aliás o filme vai estrear antes que o evento acabe. Mas já que teve cabine, tá tudo valendo. O filme é o segundo do diretor Ryan Murphy, (de Correndo com Tesouras) que é também o criador das séries Nip/Tuck e Glee. Baseado no best-seller de mesmo nome, o roteiro conta a história biográfica de Elizabeth Gilbert, uma escritora que decide abandonar seu casamento e viajar pela Itália, Índia e Indonésia, buscando o prazer pessoal, espiritual e o equilíbrio entre essas duas coisas. É um alívio enorme ver um filme voltado pro público feminino que não seja sobre uma mulher pós-moderna, dedicada exclusivamente ao trabalho, e que não consegue achar um homem. Comer Rezar Amar é muito mais sobre o desprendimento, sobre o desapego, auto-conhecimento, reflexão, perdão. É claro que no processo ela vai se envolver com Billy Crudup, James Franco, Javier Bardem... Mas ainda assim, esse não é o foco do filme. E como não poderia deixar de ser, é um filme da Julia Roberts. Quem ama ela vai continuar amando, quem não ama vai querer furar os tímpanos cada vez que ela gargalhar. Mas é inegável que essa é sua melhor interpretação desde Closer. O filme tem alguns problemas de ritmo. A parte da Índia, cujo foco principal é a meditação, é a menos interessante. Murphy não conseguiu capturar o humor da autora nessa parte, nem do personagem de Richard Jenkins. E o relacionamento com Bardem não é tão bem desenvolvido quanto merecia, mas depois de 2h30 de filme, era difícil esperar mais. Ainda assim, o desenvolvimento do personagem é interessante, e pra quem não esperar uma comédia romântica, e sim uma jornada de auto conhecimento, vai curtir o filme.

Nota: 7.0

11- Norberto Apenas Tarde (Norberto Apenas Tarde, 2010, Uruguai / Argentina)

A Kenia já apresentou o filme aí em baixo, então não vão falar tanto sobre a história. Só acho válido comentar que o diretor é o Daniel Heddler, mas conhecido por ser o ótimo ator de Abraço Partido e Direitos de Família. O filme não chega a ser maravilhoso, mas o personagem do Norberto é interessante na sua forma de lidar com as mudanças, em como ele se antecipa a elas, mas não lida muito bem com isso. Não é tão bom quanto os filmes do Daniel Burman, mas é uma estréia promissora pro Hendler. Comparado a estréia do Gael García Bernal então, um filme chamado Déficit que passou aqui no Festival de 2007, o cara é um gênio! Deu pra perder um pouco do trauma de atores latinos na direção.

Nota: 7.0

12- Complexo: Universo Paralelo (2010, Brasil)

Inevitável pensar ao entrar na sala: Mais um documentário sobre favela. Infelizmente, o pensamento não muda muito ao sair. No início, somos avisados por uma cartela que os diretores são dois irmãos portugueses que passaram um tempo no Complexo do Alemão e documentaram essa estadia entrevistando os personagens do filme. Cartela inútil, pois em momento algum é utilizado o fato de ser uma visão estrangeira. Ainda assim, algumas das imagens inseridas são bem fortes, e os depoimentos, por mais que não acrescentem muito ao tema, tem momentos interessantes.

Nota: 6.0

13- Sinto sua Falta (Te extraño, 2010, Argentina / México)

Também não vou entrar em detalhes pois a Kenia já fez um ótimo trabalho discursando sobre ele. Confesso que prefiro Kamchatka quando o assunto é ditadura Argentina, mas eu acredito que é um tema que ainda pode render bons frutos. Sinto sua falta não é excepcional, também não acrescenta muito ao tema, mas a relação entre os personagens é inteligente o suficiente pra manter o interesse no filme. A Argentina sabe muito bem desconstruir uma família, o que só me deixa mais curioso pelos próximos filmes da Mostra dedicada a eles.

Nota: 7.0

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