terça-feira, 21 de setembro de 2010

Preliminares do Festival do Rio - Dia 3

Depois de tirar o domingo de folga, hoje voltei pras cabines do Festival, enquanto monto minha programação pras próximas duas semanas. São muitos filmes, e como todo bom cinéfilo, tenho que tentar balancear os filmes que quero muito ver, mas sei que vão estrear, com as coisas mais obscuras que certamente nunca virão novamente pro Brasil, mas que em compensação, muitas vezes não valem a pena. Festival é um pouco isso, achar aquela pérola, que você só vai ver por ali. O que não significa que eu não vá ver o filme novo da Sofia Coppola. Mas vamos aos filmes do dia:

7- A Mulher Sem Piano (La mujer sin piano, 2009, Espanha/França)

Definitivamente o pior filme que eu vi até agora. Além de chato, os personagens são totalmente desprovidos de carisma, a fotografia é óbvia, qualquer tema que o filme tente abordar fica totalmente superficial. O diretor Javier Rebollo até tenta criar uns planos mais interessantes, mas é tudo meio lugar comum. As atuações são boas, mas como a história não engata, o elenco não tem muito o que fazer. O roteiro ruim é sobre uma depiladora/dona de casa que tem uma vida enfadonha, e certa noite decide fugir, arruma uma mala e vai pra uma estação de trem. A trama se desenrola (ou não, depende do ponto de vista) no decorrer dessa noite, onde ela vai conhecer umas figuras estranhas, e vai se conhecer um pouco mais também. Uma espécie de crítica pra sociedade, pra tv, pra guerra, pra frieza do ser humano num mundo pós moderno, e nada aprofundado.

Nota: 1.5

8- Cortina de Fumaça (2009, Brasil)



Primeiro filme brasileiro do Festival. Cortina de Fumaça é um documentário sobre a legalização das drogas, as políticas governamentais de proibição, sobre os efeitos do consumo e as consequências de todas essas questões para a sociedade. Em primeiro lugar, tenho que deixar claro que o filme é bem tendencioso. Todas as entrevistas apontam pro mesmo lado, proibir é ruim, utilizar não é tão prejudicial quanto a mídia gosta de mostrar. Acho o documentário ingênuo também ao colocar as informações sobre as drogas são sempre as mesmas. Num mundo com internet, tv a cabo e afins, quem quer se aprofundar no tema consegue facilmente, e só fica com a informação senso comum quem quer. O debate da legalização não está no primeiro passo. Ainda tem muito o que se discutir com a sociedade, mas não se pode dizer que esse tema é totalmente inédito. Ainda assim, o filme tem depoimentos muito interessantes, e alguns argumentos que acrescentam bastante à discussão sobre as drogas e as políticas públicas que eles tanto recriminam. Vale a pena ver.

Nota: 6.5

9- A Empregada (Hanyo, 2010, Coréia do Sul)

Esse filme quase pode ser considerado uma pérola do Festival. Dificilmente vai estrear por aqui, e é um melodrama asiático muito bom. Acho que o final, embora condizente com o decorrer do filme, fica um pouco pesado demais. Mas no geral, o filme cumpre bem o seu papel. O elenco feminino particularmente me impressionou bastante. A história (peguem os lenços) é sobre uma empregada boazinha que é seduzida pelo patrão milionário, causando a ira da esposa traída, grávida de gêmeos, e da sogra malvada. Pra piorar a situação, a empregada fica grávida, e as mulheres da família não vão querer deixar o beber nascer. Eu sei, falando assim não parece nada demais, mas a direção é muito boa, os planos são belíssimos e exagerados, o roteiro, apesar de carregado, tem alguns momentos leves, e a história é boa o suficiente pra nos manter fisgados até o fim.

Nota: 7.5

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