Não tinha como eu deixar passar.
Ontem à noite, fui ver o concerto regido pelo Ennio Morricone, no Teatro Alfa, em São Paulo. Apresentação única. Ingressos com preços pela hora da morte. Estavam presentes alguns colunáveis, políticos (vi o Guilherme Afif) e gente do meio musical (tenho quase certeza de ter visto o maestro Júlio Medaglia). Enfim, o beautiful people da capital paulistana.
Mas e o show? Bem, sou suspeito pra falar. Lembro de passar horas escutando as trilhas do Morricone, seja durante os estudos ou no rádio do carro. Lembro de rever alguns trechos dos filmes do Sérgio Leone só pra ouvir a música. Não sei quantas vezes já devo ter visto Era uma Vez no Oeste e Era uma Vez na América. Muito dessa minha paixão vem por causa da trilha. Em Era uma Vez no Oeste não esqueço de seqüências como a da entrada do Henry Fonda no filme (“Agora que me chamou pelo nome...”), a da chegada da Claudia Cardinali na estação de trem e do duelo entre o Charles Bronson e Henry Fonda já mais no final. Em Era Uma Vez na América, não me sai da cabeça o Robert De Niro retirando uma laje da parede, relembrando as escapulidas que dava, quando criança, para ver sua amada Deborah dançar ao som de Amapola (a personagem era vivida por uma jovem Jenniffer Connelly na fase adolescente e pela Elizabeth Montgomery, na fase adulta). Sua parceria com o Giuseppe Tornatore também é um espetáculo. O tema de amor de Cinema Paradiso e o tema principal de A Lenda do Pianista do Mar, são maravilhosos.
Morricone é mais conhecido do grande público por sua trilha de A Missão. O filme que chegou a conquistar a Palma de Ouro em Cannes e foi indicado para uma penca de Oscars. Para o meu gosto, A Missão perdeu muito do seu brilho com o passar do anos (como aliás, quase todos os filmes do Rolland Joffé). É uma belíssima trilha, sem dúvida. Melhor que a de Por Volta da Meia-Noite, que acabou, vai entender o porquê, vencendo o Oscar naquele ano. Mas ainda prefiro as trilha que o Morricone compôs para os faroestes do Leone, para os filmes políticos italianos dos anos 70 (Investigação de um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita, A Classe Operária vai ao Paraíso, Queimada e Sacco e Vanzetti) e as três que compôs para os filmes do De Palma (Os Intocáveis, Pecados de Guerra e Missão: Marte).
No espetáculo de ontem (que começou com meia hora de atraso), Morricone abriu com o tema inicial de Os Intocáveis, aquele que toca durante os créditos. Prosseguiu com o belo e épico tema de A Lenda do Pianista do Mar (receio que esse filme não resista a uma reavaliação). Depois, Cinema Paradiso e Malena (outra trilha de Morricone que supera o próprio filme). A melhor parte veio com a apresentação da soprano que o acompanha em todos os shows (cujo nome, agora, me foge). Morricone tocou o tema principal de Três Homens em Conflito (lembrado por todos como o do cigarros Camel), Era Uma Vez no Oeste, Quando Explode a Vingança (talvez a minha preferida) e fechou com Êxtase do Ouro, música mais conhecida de Três Homens em Conflito. Foi um show!
Na volta do intervalo, a programação escolhida era sensivelmente inferior. Ouvimos a trilha de Marco Pólo (desconheço esse filme), Pecados de Guerra, a canção tema de Sacco e Vanzetti e de Queimada (essas duas com o auxílio de um coral brasileiro). O concerto foi encerrado com três partituras de A Missão.
Pra não perder o costume, o público pediu bis e Morricone nos atendeu por três vezes. Claro que era tudo combinado. Nem a orquestra saía de sua posição, nem o Morricone levava suas partituras embora. Todo mundo sabia quando e se ele voltaria para mais um bis. De um modo geral, no entanto, a platéia reagiu de uma forma um pouco fria ao espetáculo. Pelos vídeos que vi do show do Morricone no Rio de Janeiro, a impressão que tive foi completamente diferente. Aplausos efusivos, gritaria, exigiram que o Morricone bisasse mais vezes do que estava programado. Acho que isso vem da própria característica do paulistano, mais racional, menos emotivo que o carioca. Não duvido nada que muitos dos presentes nem eram fãs da obra do Morricone. Estavam por lá mais preocupados em tirar fotos para as revistas de fofoca do qualquer outra coisa.
Como eu não tenho nada a ver com isso, hoje posso dizer que, ao menos uma vez na vida, consegui ver o Morricone ao vivo. Pra quem curte cinema e trilha sonora em especial (e não sei como é possível não gostar das duas coisas ao mesmo tempo), Morricone é programa imperdível. Tenho quase certeza que para os entendidos em música, sua obra seja considerada de segunda linha, uma espécie de "sertanejo da música erudita" (é provável que que todos os compositores de trilhas sonora para cinema sejam vistos com olhos tortos pelos demais colegas, seja o próprio Morricone, John Williams, Bernard Herrmann, Jerry Goldsmith, John Barry, Nino Rota etc. etc. etc.). Como não sou um expert em música, guardo o nome e as trilhas de Morricone como umas das minhas grandes paixões no cinema.
Assim como a noite de ontem.
Ontem à noite, fui ver o concerto regido pelo Ennio Morricone, no Teatro Alfa, em São Paulo. Apresentação única. Ingressos com preços pela hora da morte. Estavam presentes alguns colunáveis, políticos (vi o Guilherme Afif) e gente do meio musical (tenho quase certeza de ter visto o maestro Júlio Medaglia). Enfim, o beautiful people da capital paulistana.
Mas e o show? Bem, sou suspeito pra falar. Lembro de passar horas escutando as trilhas do Morricone, seja durante os estudos ou no rádio do carro. Lembro de rever alguns trechos dos filmes do Sérgio Leone só pra ouvir a música. Não sei quantas vezes já devo ter visto Era uma Vez no Oeste e Era uma Vez na América. Muito dessa minha paixão vem por causa da trilha. Em Era uma Vez no Oeste não esqueço de seqüências como a da entrada do Henry Fonda no filme (“Agora que me chamou pelo nome...”), a da chegada da Claudia Cardinali na estação de trem e do duelo entre o Charles Bronson e Henry Fonda já mais no final. Em Era Uma Vez na América, não me sai da cabeça o Robert De Niro retirando uma laje da parede, relembrando as escapulidas que dava, quando criança, para ver sua amada Deborah dançar ao som de Amapola (a personagem era vivida por uma jovem Jenniffer Connelly na fase adolescente e pela Elizabeth Montgomery, na fase adulta). Sua parceria com o Giuseppe Tornatore também é um espetáculo. O tema de amor de Cinema Paradiso e o tema principal de A Lenda do Pianista do Mar, são maravilhosos.
Morricone é mais conhecido do grande público por sua trilha de A Missão. O filme que chegou a conquistar a Palma de Ouro em Cannes e foi indicado para uma penca de Oscars. Para o meu gosto, A Missão perdeu muito do seu brilho com o passar do anos (como aliás, quase todos os filmes do Rolland Joffé). É uma belíssima trilha, sem dúvida. Melhor que a de Por Volta da Meia-Noite, que acabou, vai entender o porquê, vencendo o Oscar naquele ano. Mas ainda prefiro as trilha que o Morricone compôs para os faroestes do Leone, para os filmes políticos italianos dos anos 70 (Investigação de um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita, A Classe Operária vai ao Paraíso, Queimada e Sacco e Vanzetti) e as três que compôs para os filmes do De Palma (Os Intocáveis, Pecados de Guerra e Missão: Marte).
No espetáculo de ontem (que começou com meia hora de atraso), Morricone abriu com o tema inicial de Os Intocáveis, aquele que toca durante os créditos. Prosseguiu com o belo e épico tema de A Lenda do Pianista do Mar (receio que esse filme não resista a uma reavaliação). Depois, Cinema Paradiso e Malena (outra trilha de Morricone que supera o próprio filme). A melhor parte veio com a apresentação da soprano que o acompanha em todos os shows (cujo nome, agora, me foge). Morricone tocou o tema principal de Três Homens em Conflito (lembrado por todos como o do cigarros Camel), Era Uma Vez no Oeste, Quando Explode a Vingança (talvez a minha preferida) e fechou com Êxtase do Ouro, música mais conhecida de Três Homens em Conflito. Foi um show!
Na volta do intervalo, a programação escolhida era sensivelmente inferior. Ouvimos a trilha de Marco Pólo (desconheço esse filme), Pecados de Guerra, a canção tema de Sacco e Vanzetti e de Queimada (essas duas com o auxílio de um coral brasileiro). O concerto foi encerrado com três partituras de A Missão.
Pra não perder o costume, o público pediu bis e Morricone nos atendeu por três vezes. Claro que era tudo combinado. Nem a orquestra saía de sua posição, nem o Morricone levava suas partituras embora. Todo mundo sabia quando e se ele voltaria para mais um bis. De um modo geral, no entanto, a platéia reagiu de uma forma um pouco fria ao espetáculo. Pelos vídeos que vi do show do Morricone no Rio de Janeiro, a impressão que tive foi completamente diferente. Aplausos efusivos, gritaria, exigiram que o Morricone bisasse mais vezes do que estava programado. Acho que isso vem da própria característica do paulistano, mais racional, menos emotivo que o carioca. Não duvido nada que muitos dos presentes nem eram fãs da obra do Morricone. Estavam por lá mais preocupados em tirar fotos para as revistas de fofoca do qualquer outra coisa.
Como eu não tenho nada a ver com isso, hoje posso dizer que, ao menos uma vez na vida, consegui ver o Morricone ao vivo. Pra quem curte cinema e trilha sonora em especial (e não sei como é possível não gostar das duas coisas ao mesmo tempo), Morricone é programa imperdível. Tenho quase certeza que para os entendidos em música, sua obra seja considerada de segunda linha, uma espécie de "sertanejo da música erudita" (é provável que que todos os compositores de trilhas sonora para cinema sejam vistos com olhos tortos pelos demais colegas, seja o próprio Morricone, John Williams, Bernard Herrmann, Jerry Goldsmith, John Barry, Nino Rota etc. etc. etc.). Como não sou um expert em música, guardo o nome e as trilhas de Morricone como umas das minhas grandes paixões no cinema.
Assim como a noite de ontem.
3 comentários:
Fiquei morrendo de vontade de ir mas mais de 4 horas de viagem para chegar em SP é fogo!! Gostei bastante dos comentários!! E apesar de não ser muito fã das trilhas dele (ao menos as que eu me recordo de ter ouvido), adoraria ter ido se não fosse tão longe daqui.
Você poderia dar um help para aqueles (como eu) que gostariam de conhecer mais sobre o Morricone e dizer onde eu acho os cd´s rs rs? Fiquei super curioso agora!!!
Abs e continue postando!!!
SAiu um DVD do Ennio Morricone, pela Versátil. Aos fãs dele, digo é muito bacana, possuindo mais de 20 temas, que vão desde Os Intocáveis, passando por Melena, até A Missão. Vale a pena tentar.
Saiu? Onde? Rs...procurei em algumas lojas aqui perto não encontrei nada a respeito ainda
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