O dia foi de poucos filmes, apenas dois - afinal, de vez em quando a gente tem de parar um pouco para organizar a vida. O primeiro foi a estreia de:
Agreste, de Paula Gaitán
Se existe um tipo de crítica quase impossível de se fazer é sobre filmes experimentais - e exatamente o caso desse. Mais do que em qualquer outro domínio do cinema, o experimental passa por uma relação direta entre os elementos fílmicos e a experiência do espectador. Em outras palavras, ou a gente compra a viagem de quem fez ou filme ou fica aquela sensação de quem está de fora do jogo de imagens. Nesse filme da Gaitán em alguns momentos essa cumplicidade foi possível: adentramos a um universo feminino de aridez. Mas aos poucos as experimentações começaram a parecer repetitivas e o filme tornou-se exaustivo - quase interminável. Não deixa de ser louvável, de qualquer forma, a construção desse universo e plasticidade imagética e sonora do filme.
Nota: 7
E a noite terminou com a sessão lotada de:
Amores imaginários, de Xavier Dolan
Dolan é o típico diretor faz-tudo: do roteiro ao figurino, da montagem a trilha sonora, ele participa de todas as etapas dos seus filmes. Ele é também tipicamente antenado: vemos desfilar na tela os melhores modelitos modernetes e cortes de cabelo indies, musiquinhas francesas engraçadinhas, os planos e tiques de câmera do cinema contemporâneo. O problema é que essa conjunção torna o seus filmes uma espécie de pot-pourri desgovernado de influências. E aí sobra pouco espaço para a personalidade - o que não deixa de ser uma pena, porque por trás de tantas afetações Dolan tem até boas ideias.
Nota: 5
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