domingo, 3 de outubro de 2010

Sábado

Esse sábado foi o dia do cinema asiático contemporâneo no meu Festival do Rio: China, Filipinas e Tailância em um mesmo dia.

Memória de Xangai, Jia Zhang-Ke
O diretor articula por meio de depoimentos a história recente de Xangai - sobretudo pós-Segunda Guerra Mundial. Dos closes nos rostos aos grandes planos da cidade, o filme é maravilhosamente belo. Junto com as entrevistas, existem os planos de uma mulher, quase fantasma, que se desloca pela cidade. Em muitos momentos, é difícil reconstruir historicamente os discursos - o que só torna o fluxo de memória mais intenso. Existe também um interesse forte pelas imagens - principalmente cinematográficas - que constituem essa memória recente. De certa forma, vemos a construção imagética de uma grande potência, a China, desde as suas guerras internas, passando pela Revolução Cultural. Junto com isso, acompanhamos como esse processo macro nacionalista atravessou, literalmente, a vida dos envolvidos.
Nota: 8.5

Independênica, Raya Martin
Filme bastante estilizado com várias formas de construção narrativa anti-naturalista: dos efeitos de cor na imagem em p&b à um corte brutal no fluxo da história para a inserção de um pequeno documentário falso, passando pelo cenários pintados ao fundo. É uma experiência de cinema interessante - embora, os efeitos nem sempre funcionem tão bem.
Nota: 8

Tio Boomnee,
Apichatpong Weerasethakul
O primeiro Apichatpong visto no cinema é inesquecível. Sem medo de soar repetitiva: é uma experiência de cinema imersiva e sensorial. Cinema-matéria. Fortemente enraizado no mundo natural, para contar uma história que o ultrapassa - ou penetra ou se mescla tão fortemente. Um pouco o curto-circuito de tempo e espaço cinematográficos. Enfim, melhor filme do festival até o momento.
Nota: 9.5

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