sexta-feira, 6 de junho de 2008

Control, a história de Ian Curtis.

(Control, 2007)


O Joy Division é uma banda que nunca esteve entre as minhas prediletas, apesar de saber cantarolar algumas músicas - já clássicas - deles. À parte disso, convivi com alguns adimiradores da poesia de Ian Curtis e ouvi uma ou duas histórias a seu respeito, que acabei encontrando representadas neste que é o primeiro longa dirigido pelo fotógrafo Anton Corbijn. Ele que, fotografando para a revista NME conheceu a banda e seu vocalista.

Tendo como referência o famoso livro de memórias Touching From A Distance escrito por Deborah Curtis (Samantha Morton), a esposa de Ian (Sam Riley), o filme concentra a maior parte de sua atenção ao triângulo amoroso montando pelo casal Curtis e pela belga Annik Honoré (Alexandra Maria Lara), que era jornalista nas horas vagas e acabou entrevistando a banda, depois do que tornou-se namorada do controverso vocalista, que, para os que não sabem, suicidou-se em maio de 1980.

Não entendo por qual motivo dois filmes são lançados em tão curto espaço de tempo tendo como tema a história do Joy Division, seja falando propriamente da banda ou enfatizando a vida particular de Curtis, mas essa semana estréia também Joy Division, este um documentário, bem mais interessante do que Control.



(Sam Riley interpretando Ian Curtis)



Aliás, comecei este texto para falar do que NÃO é bacana em Control:

1. Anton Corbijn não podia ter achado que por ter conhecido o personagem principal desta história ele estaria apto a contá-la. Saiu de sua posição de fotógrafo e diretor de videoclipes (o clipe de Heart-Shaped Box foi dirigido por ele) para alçar vôos maiores, mas não soube segurar a peteca. Com este relato ele não acrescenta nada de novo a biografia de Curtis, já que apenas reproduz cenas-clichês da história dele, conhecidas de cór e salteado pelos fãs do cantor.

2. Sam Riley a mim não conseguiu convencer, apesar da aparência física com o músico. Faltou um pouco de emoção a alguém que acorda depois de um ataque epilético decidido a tirar a própria vida. Além do que, sua imitação da famosa dança de Curtis me deixou com aquele sentimento de quase-caricatura. No entanto, tanto o personagem quanto sua dança eram peculiares demais, ou seja, acho difícil que alguém consiga imitá-lo melhor.

3. O elenco careceu de um diretor mais competente, porque nenhuma interpretação brilha, nem mesmo Samantha Morton.



(Uma singela homenagem a Ian e sua maneira de dançar)

Agora, há uma coisa digna de comentário positivo, aliás duas: os atores tocando - de verdade - os instrumentos e SamRiley nos vocais, o que produziu alguma estranheza na comparação com os vocais originais, mas isso me pareceu muito mais agradável do que playback e aqueles atores aranhando o dedo em acordes que não existem, coisa que deve ser muito triste para os músicos que se vêem representados ali. E o uso do preto-e-branco que valorizou a fotografia, apesar de - acredito - ter sido usada para acentuar o tom sombrio que envolve a história do músico, sem no entanto ter conseguido.

Mas, eu posso estar totalmente enganada a respeito do que escrevi sobre este filme, porque o pessoal do Festtival de Cannes 2007 deu até prêmio para ele. E ainda elogiou a atuação de Sam Riley. Mas sabe, tem muita coisa no mundo que eu realmente não entendo. Inclusive o fato de Ian Curtis ter escolhido morrer na véspera da viagem de sua primeira turnê na América.

Quem entende?

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